domingo, 22 de março de 2009

QUEM ENSINA OS LÍDERES?

Tatiana Aude


Alguns deles herdaram da família uma empresa para liderar. Outros, passaram por todas as etapas profissionais até alcançar o auge tão almejado. Independente do tempo dispendido ou da maneira como chegaram lá, no alto escalão – sabendo utilizar as ferramentas corretas e trabalhando as competências profissionais a favor disso -, eles se tornaram líderes. Mas e agora? Pararam no tempo quando o assunto é reciclagem profissional? A resposta só pode vir deles mesmos: nem pensar!

Se a cobrança por aperfeiçoamento é grande em relação a todos os degraus hierárquicos, imagine então quão grande é para aquele que tem que ser o exemplo da empresa. Os CEOs têm uma rotina diferenciada, que inclui a leitura de muitos jornais e revistas desde o amanhecer – não só do país como do exterior -, assim como a participação em fóruns, seminários, congressos, meetings e eventos que debatem a temática que lhes interessa, ou que interfere em seus negócios e investimentos, direta ou indiretamente.

“Eu acho a internet de extrema necessidade e é por ela que leio, diariamente, não quatro, mas cerca de oito jornais, do Brasil, França e Espanha. Além disso, leio revistas de negócios, investimentos e mercado financeiro. Além de participar de eventos do Lide e Jlide”, afirma o presidente do Grupo de Jovens Líderes Empresariais, Jlide, André Martins.

André tem 34 anos e há quatro é presidente da VB serviços, a maior empresa do Brasil no setor de distribuição de vales-transporte. Preside também a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras e Usuárias de Vales Transporte (Abravale). Graduado em Administração de empresas pela Fundação Álvares Penteado (FAAP), ele buscou aperfeiçoamento no exterior, justamente porque no país não encontrou cursos que agregassem valor aos conhecimentos que já obtinha.

“Cheguei a começar um curso de MBA no Brasil, mas percebi, por sorte ainda no começo, que apenas se tratava de uma graduação em administração de forma mais intensiva. E aí desisti. Foi quando pesquisei e encontrei na universidade de Insead, na França um curso de apenas uma semana, mas que me acrescentou muitos dados e informações novas. Embora tenha sido curto, realmente valeu a pena, tanto é que a universidade foi eleita a que possui os melhores MBA’s do mundo”, ressalta.

Depois disso, como bom líder e empreendedor, ele continuou buscando mais e mais informações e novidades. E nos últimos dois anos, fez mais dois cursos: o de HSM com ênfase em negociação, e o de gestão de mercados B2B (área em que atua) na Fundação Dom Cabral, em Minas Gerais. Descobriu que, embora lentamente, o Brasil está vislumbrando a capacitação deste público, já tão capacitado e especializado.

“A Business School já está trazendo para cá estas novidades. A FGV também possui alguns cursos, mas a maioria com professores do exterior”, conta.

Desbravar assuntos novos, teorias que se contraponham às existentes, além de atualizar-se quanto às novas técnicas e estratégias de mercado – de forma mais específica – é o desafio que ele e outros líderes procuram.

“Nesse curso da França o professor não se baseou em obra já existente para discorrer sobre o ‘Oceano Azul’, por exemplo. Ele criou a teoria do ‘Oceano Azul’, que trata justamente sobre as empresas criarem novos nichos, fazendo da concorrência um fator irrelevante, e encontrando um outro caminho para o crescimento. Eles apresentaram uma nova maneira de pensar sobre estratégia, resultando em uma criação de novos espaços [o oceano azul] e uma separação da concorrência [o oceano vermelho]”, exemplifica André, citando que há assuntos como desenvolvimento de marcas, agregação de serviços e gestão estratégica (“sempre atualizadas”) que quase não são discutidos.

Trabalhar o interior

Se para alguns líderes, estudar é sempre a melhor forma de se manter atualizado, para outros é apenas um complemento de algo mais importante: as atitudes e comportamentos adotados diariamente dentro de uma organização. Afinal, conhecimento técnico é essencial, até para dominar e empreender no ramo a que uma empresa se propõe, mas de nada adianta dominar estratégias de gestão se, na hora de colocá-las em prática, o comportamento rude e agressivo põe tudo a perder dentro de uma equipe.

O jornalista e empresário João Dória Jr., presidente da Videomax Produções e da Doria Associados e Doria Associados Editora – e que promove eventos voltados a CEOs - , é defensor da idéia que reciclar-se é, antes de tudo, ser humilde para admitir que nunca se conhece tudo de forma absoluta. Para ele, o grande erro é pensar que, por estar no ápice da carreira, não é necessário ouvir os anseios e sugestões das outras pessoas.

“É necessário avaliar melhor o seu conteúdo e ouvir os outros, principalmente. Quem acha que sabe tudo não tem ouvidos, nem olhos, nem pensamento para aprender. Humildade é a palavra chave. Aquele que acha que pode evoluir, ser melhor do que hoje, acredita no aperfeiçoamento e no crescimento. Eu resumiria o aprendizado contínuo a apenas quatro verbos: ouvir, ler, aprender e compartilhar”, sintetiza Dória.

http://www.catho.com.br/estilorh/index.phtml?secao=270

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