domingo, 22 de março de 2009

Aconselhamento de Carreira
Você sabe qual a maneira correta de pedir demissão?

Daniel Limas

Imagine-se na seguinte situação: você está empregado e acabou de ser aprovado num processo seletivo. Certamente você já viveu essa situação ou conhece alguém que já tenha passado por isso, não é? Mas é nessa hora que surgem inúmeras dúvidas sobre como agir ao pedir demissão. Ser ético é a solução. Aliás, não só nesse momento.

Apesar de aparentar ser enorme, no mercado, é fácil as pessoas se conhecerem e se cruzarem com freqüência. Além disso, uma vez que seus ex-colegas podem ser seus futuros colegas novamente, manter um bom relacionamento e bons contatos é fundamental para seu networking. Portanto, todo cuidado é pouco!

A primeira atitude é estar certo da sua decisão. “Nunca pergunte ao seu superior se você deve sair ou não. Isso pode soar como um leilão”, André Bruttin, professor de Psicologia Organizacional da PUC-SP e consultor da Reciprhocal. “Caso você ainda tenha dúvidas se aceita ou não o novo cargo, converse antes com amigos e parentes. Não é preciso tomar a decisão sozinho.”

A primeira atitude após se decidir em deixar a empresa é informar o seu chefe imediato. Nada de sair comentando com seus colegas ou ir ao RH. “Não tratar este assunto com o seu chefe em primeiro lugar pode soar como insubordinação. Outra dica é marcar uma reunião, em um momento propício, para comunicar a sua decisão”, explica Reginah Araújo, palestrante motivacional e coaching. Isso evita boatos e conflitos entre a equipe para ver quem vai assumir a vaga.

Prepare-se para esta reunião. Tenha argumentos racionais e objetivos que expliquem a sua saída. Seu chefe pode lhe propor aumento de salário, mudança de área, promoção ou nada disso. Esteja preparado, inclusive, para ter que deixar a empresa imediatamente ou para sair depois de 30 dias. Além disso, tenha em mente o mínimo e o máximo que você aceitaria para ficar na empresa. “Para você mudar de emprego, certifique-se de que a proposta realmente seja melhor. Muitas vezes não contabilizamos um gasto maior de combustível, não pensamos na distância maior, no estresse, no vale-refeição. Tem que ser bastante frio para avaliar a situação”, pontua Reginah Araújo.

Vá também munido de argumentos lógicos que expliquem a sua decisão. “É muito importante que você agradeça e elogie a empresa que você está deixando, sem mentir, claro”, explica André Bruttin. Muito menos, saia falando mal da empresa ou chefe, apesar de a vontade de desabafar seja enorme. Metralhar a empresa com um monte de críticas e apontar tudo o que não funciona pode ser muito ruim para o profissional e fechar diversas portas. “Quem escutar as críticas vai pensar que você não contribuiu para resolver essa situação que tanto incomodava. No entanto, críticas pontuais que expliquem a sua saída devem ser ditas, sim, como assédio moral, descumprimento de algo conversado com o RH, falta de perspectivas de crescimento e desenvolvimento”, explica o consultor.

Outra recomendação para deixar as portas abertas ao sair da empresa é ter humildade. Para Reginah Araújo, muita gente sai se achando o maioral e sai contando que vai ganhar o dobro, e fala mal de todos. Mesmo que você tenha razão, não fale tudo o que pensa.

Colegas

Após tomar a decisão e conversar com seu chefe, bate aquela vontade de sair comentando com seus colegas, não é? Mas não faça isso. A dica é esperar seu chefe tomar as decisões para que ele faça o comunicado. A não ser que ele não veja problema. Essa atitude evita crises, fofocas e mal estar entre os que vão ficar.

Pergunte também ao seu gestor se você pode enviar um e-mail de despedida para seus colegas. “Muitas empresas consideram que você já não pode mais usar os recursos da empresa após pedir demissão. No entanto, não há restrição de que você se despeça pessoalmente e até os convide para um happy hour”, recomenda Reginah Araújo. Usar o bom senso sempre é válido.

Outras dicas

No momento de comunicar a sua decisão para o gestor, não esqueça também de dizer que você se disponibiliza a treinar uma nova pessoa e vai preparar um relatório descrevendo todas as suas atividades. “Você deve endereçar o trabalho que falta, mas não é preciso finalizá-los”, explica o consultor. Você pode perguntar qual a vantagem de agir dessa forma? “Algumas empresas têm o hábito de recontratar bons ex-funcionários para cargos maiores”, conta Reginah. É muito bom para a organização já conhecer o trabalho e o caráter de um funcionário.

Deixar as portas abertas deve ser a maior preocupação de quem está deixando a empresa. A crença de que o mundo é muito pequeno costuma ser verdade. Portanto, todo cuidado é pouco. Além da técnica, algo muito valorizado pelas empresas é a credibilidade e a ética da pessoa. É fácil entender essa questão: a técnica e o dia-a-dia do trabalho o funcionário pode aprender. No entanto, ética e credibilidade são características que se tem ou não. “Ao contratar alguém, a primeira característica que muitas empresas avaliam é a ética. E ética é algo que se espalha”, finaliza Reginah Araújo.

Links úteis:

http://www.reginaaraujo.com.br/

http://www.reciprhocal.com.br

http://www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=10322

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