domingo, 3 de outubro de 2010

Ambiente de trabalho contribui para retenção de talentos em TI
(http://computerworld.uol.com.br/carreira/2010/07/28/ambiente-de-trabalho-contribui-para-retencao-de-talentos-em-ti)
Por Edileuza Soares, da Computerworld
Publicada em 28 de julho de 2010 - 07h00
Entre as 70 Melhores Empresas para Trabalhar, o índice de evasão voluntária de profissionais foi de 9%, contra uma média de 19% no resto do setor.

Em um mercado no qual falta mão de obra especializada, a capacidade de reter os melhores profissionais representa um diferencial competitivo para as empresas. No setor de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), a preocupação das organizações com esse tema ganhou ainda mais força com o aquecimento da economia brasileira.

Afinal, qual o segredo para a retenção de talentos? Um dos caminhos é ter um ambiente de trabalho que seja considerado excelente para os funcionários. Uma prova disso está no fato de que, entre as 70 Melhores Empresas para Trabalhar em TI e Telecom, o índice de evasão voluntária de profissionais – ou seja, pessoas que deixam a organização por decisão própria – foi de aproximadamente 9% em 2009. No mesmo período, a média geral do setor foi de 19%.

Para o sócio-diretor da consultoria em recursos humanos Korn/Ferry no Brasil, Jairo Okret, para reter os profissionais, as empresas precisam fazer com que eles se sintam engajados com a organização. “Quando isso acontece, cumprem suas tarefas porque acham importante e, não, por obrigação”, aponta Okret.

O caminho para ter colaboradores comprometidos e satisfeitos, segundo o especialista, vai muito além de uma política de remuneração atraente. De acordo com um levantamento da Korn/Ferry, as questões que mais retêm um profissional na organização são o alinhamento à estratégia da empresa, um bom plano de carreira e confiança nos líderes, enquanto que o salário aparece em 10º lugar na lista de prioridades.

Entre as 70 Melhores Empresas para Trabalhar em TI e Telecom no Brasil, o fator mais valorizado pelos funcionários nas organizações, segundo a pesquisa do Great Place to Work, é a oportunidade de crescimento e de desenvolvimento na carreira. Este item foi citado por 58% dos profissionais entrevistados.

No caso da fabricante de equipamentos de telecom Ericsson, que mantém uma equipe de aproximadamente 3 mil colaboradores no Brasil, a preocupação em apoiar o desenvolvimento dos profissionais se traduz em uma série de políticas. Entre elas, todos os gestores da companhia recebem uma verba anual para capacitação da equipe. “E quando eles não usam o orçamento, precisam justificar o motivo”, conta a diretora de recursos humanos da empresa, Vera Gobetti.

Entre as ferramentas de capacitação oferecidas pela Ericsson estão especializações gratuitas para profissionais técnicos e subsídio de 50% no valor de cursos de MBA, pós-graduação e línguas (inglês e espanhol). O sistema de avaliação de todos os profissionais da fabricante também contempla metas que precisam ser cumpridas em termos de conhecimentos. “Fazemos um mapeamento para analisar as competências dos funcionários duas vezes ao ano”, afirma Vera. Segundo ela, com base nessas informações, a empresa consegue analisar o plano de desenvolvimento individual.

Ainda entre as políticas ligadas a oportunidades de evolução, a Ericsson estimula que os profissionais brasileiros sigam uma carreira internacional. Para isso, mantém um programa de intercâmbio com outras filiais ao redor do mundo, por meio do qual os funcionários têm a possibilidade de passar de seis meses a dois anos em outro país. O que, na visão da diretora de RH, contribui para a retenção de talentos.

Pessoal e profissional
De acordo com a pesquisa das Melhores Empresas de TI e Telecom para Trabalhar no País, outra questão que motiva os colaboradores a permanecer na empresa, citada por 24% de todos os profissionais consultados na pesquisa deste ano do Great Place to Work, é estar em uma organização que permita o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Na Cisco, fabricante de equipamentos de TI e Telecom, a forma encontrada para garantir esse equilíbrio foi adotar um horário flexível e permitir que os 320 colaboradores que atuam no País trabalhem de forma remota. “Para isso, todos recebem um laptop e um smartphone, por meio do qual podem ficar conectados a distância”, conta a diretora de recursos humanos da empresa no Brasil, Diane Hartwick.

Da mesma forma, na empresa de telefonia Algar Telecom, boa parte dos profissionais pode trabalhar de maneira remota algumas vezes por semana. Mas o equilíbrio entre vida pessoal e profissional também se estende à preocupação com o bem-estar dos cerca de 1,5 mil colaboradores. Nesse sentido, todos os funcionários da organização são submetidos a check-ups médicos e quando existe algum tipo de problema (como excesso de peso ou colesterol alto, por exemplo), passam a ter metas de melhoria. Mais do que isso, ganham pontos no plano de carreira – utilizado para calcular o bônus anual de cada pessoa –, quando conseguem atingir os objetivos.

Para a gerente de projetos do Great Place to Work no Brasil, Roberta Hummel, esse tipo de preocupação com as pessoas representa uma questão fundamental para reter talentos. “O mais importante nem é o pacote de benefícios, mas a forma como a companhia cuida dos profissionais”, avalia. No entanto, Roberta lembra que isso exige da empresa um conhecimento profundo das peculiaridades dos empregados. “Isso não significa que as organizações tenham de criar coisas diferentes para cada um dos colaboradores, mas devem descobrir o que é mais importante para a maioria”, acrescenta a especialista.

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