quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Que onda é essa?
Zilta MarinhoData - 12 Fev 2008
Fonte - Modulo News www.modulo.com.br
Uma nova onda está chegando à praia corporativa, o GRC - Governança, Risco e Conformidade.
Se procurarmos um sinônimo para Governança, vamos encontrar no Aurélio, Governo, que por sua vez significa direção, leme, orientação, domínio, controle. Governar seria conduzir.
Segundo Rui Barbosa1, os chefes não devem fugir ao contato com os cidadãos; as finanças são um espelho dos governos. Ele acredita que a base de sua legitimidade deve estar na cultura da inteligência e que cada autoridade, no exercício de suas funções, é o interprete natural da lei que a rege, pois há freios ao uso excessivo e caprichoso do poder. O bom governo é temperado e fiscalizado pela discussão.
Bodin2 acrescenta a importância do ordenamento, da limitação dos poderes que esse ordenamento garante, na necessidade de uma constituição, uma lei interna. Com relação às empresas, cabe aqui lembrar a importância dos Códigos de Ética. Para ele, a liberdade e o conforto dos cidadãos dependem da participação que o governante lhes oferece na formação da vontade e da presteza, com a qual é capaz de modificar e de retificar suas orientações e suas técnicas administrativas. Assim como Rui Barbosa, ele também destaca a colaboração.
Aplicando ao universo corporativo estamos falando de conduzir os negócios de forma inteligente, considerando os funcionários, o bom senso e o equilíbrio, as leis e as finanças em um ambiente de liderança, participação e colaboração.
Entretanto, é importante considerar a possibilidade de perigo, de perda ou de responsabilidade sobre danos. Em geral, Risco é entendido sob o aspecto negativo da possibilidade, o poder não ser. Aristóteles considerava o Risco como "aproximar-se daquilo que é terrível". Para Platão, o Risco era inerente à aceitação de certas hipóteses ou crenças e o considerava "belo". No existencialismo, o Risco é inerente à escolha que o eu faz de si mesmo e toda decisão existencial. A aceitação do Risco implícito nessa escolha é um dos pontos fundamentais do existencialismo contemporâneo: "a pretensão implícita na decisão está baseada em uma determinação efetiva, isto é, na possibilidade de que as coisas se passem de maneira diferente daquilo que eu decido; mas está baseada, também, na assunção, de minha parte, que decido, desse Risco e na consideração de todas as possíveis garantias que eu posso conseguir".3
O risco pode ser encarado como ameaça ou oportunidade. Cabem, então, aos gestores as escolhas responsáveis considerando aquilo e aqueles que se conduz.
Mas as escolhas não podem ser feitas a partir das vontades dos que lideram. Daí o último termo, conformidade. Conformidade significa qualidade do que é conforme, que tem a mesma forma, nos devidos termos. Para Bobbio4, por conformidade se entende, em geral, toda a forma de adequação de um agente à influência de um outro, isto é, qualquer tipo de conduta conforme uma diretiva explícita ou implícita de outras. Aqui estamos falando de resoluções, políticas, leis, normas. De uma regra ou critério de juízo. Pode ser, também, um caso concreto se utilizado como critério de juízo dos outros casos, ou das coisas às quais o exemplo ou modelo se referem. Norma, por exemplo, "é um conceito que se formou através da distinção e da contraposição entre o domínio empírico do fato e o domínio racional de dever ser, isto é, da necessidade ideal. Pode-se, portanto, conceituar norma como procedimento que garante o desenvolvimento eficaz de uma determinada atividade".5
Pode-se concluir então que GRC implica na condução dos processos de negócios, pessoas, tecnologias e ambientes a partir de escolhas responsáveis de acordo com as referências legais e normativas em vigor. Sob um ponto de vista mais poético, diríamos que GRC é a arte de conduzir as necessidades coletivas de acordo com escolhas socialmente aceitas e acordadas por meio da colaboração, do respeito e da ética.
Esteja preparado, pois essa nova onda vai invadir a sua praia.1 In Dicionário de Conceitos e Pensamentos de Rui Barbosa - Ribeiro, Luiz Rezende Andrade. 2 Jean Bodin (1530-1596) jurista francês, membro do Parlamento de Paris e professor de Direito em Toulouse. É considerado por muitos o pai da Ciência Política. 3 Abbagnano, N. , in Dicionário de Filosofia 4 In Dicionário de Política - Bobbio, Norberto e outros. 5 In Dicionário de Filosofia - Abbagnano, N.
Zilta Marinho - jan/2008

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